17.4.07

ENTREVISTA: Apresentação do Georges Bourdoukan

Nessa primeira conversa do Tertúlia com Tortillas temos a honra de apresentar o jornalista e escritor Georges Bourdoukan, com quem conversamos por mais de uma hora na redação da revista Caros Amigos em fevereiro de 2007.

Georges Latif Bourdoukan nasceu em Miniara-Akkar, Líbano, no ano de 1943. Aos dez anos de idade, vem para o Brasil junto com seu irmão. Aos catorze começa a ter os primeiros problemas na escola ao fundar um jornal de crítica à diretoria, chamado Tortura dos Cérebros. É expulso do colégio. Nessa mesma época é preso pela primeira vez, por militar no movimento estudantil secundarista como secretário-geral da UPES (União Paulista dos Estudantes). Aos dezoito inicia sua carreira jornalística no diário Última Hora, que posteriormente seria fechado pela ditadura.

De lá pra cá, teve uma vida muito ativa, tendo trabalhado em vários jornais, revistas e canais de tv. Trabalhou nas revistas Quatro Rodas e Placar, além de ter fundado o Jornal de Jerusalém, dirigido a Revista Palestina, órgão oficial da OLP no Brasil, e também a Revista dos Estados Árabes. Durante os anos de chumbo, trabalhou na TV Cultura junto com Vladimir Herzog, tendo sido seqüestrado e torturado pelo segundo exército um ano antes deste. Também fez parte do núcleo diretivo do programa Globo Repórter, da TV Globo, de onde nos conta uma experiência curiosa que afetou bastante a vida do brasileiro.

Após todos estes anos trabalhando com o jornalismo, decide dedicar-se a carreira de escritor, tendo escrito e publicado quatro livros de sucesso: O Peregrino, A Incrível e Fascinante História do Capitão Mouro, Vozes do Deserto e Apocalipse (teatro). Atualmente, também colabora com a revista Caros Amigos, onde tem uma coluna mensal.

Numa conversa franca e aberta, Bourdoukan vai nos contando algumas das experiências que viveu nestes mais de quarenta anos de jornalismo, sua infância no Líbano, a chegada no Brasil, o trabalho de jornalista durante a ditadura e sua vida de escritor de livros de sucesso. Tudo isso, com uma boa quantidade de informações históricas que Bourdoukan ia incluindo de maneira descontraída em nossa conversa. Esperamos que gostem o tanto quanto gostamos de ter conversado com ele.

4.4.07

[EDITORIAL] Edição Número Zero

EDITORIAL
Por Felipe Leite Gil e Rogério Beier


Uma revista para ser lida! Eis o mote de Trialética, Revista de História e Humanidades, produzida por estudantes de História da USP e orgulhosamente inaugurada aqui.

Difícil descrever como surgiu a idéia de fazer a revista, uma vez que descobrimos que esta já estava latente em todos nós. Contudo, para materializar esta idéia foi necessário uma provocação, que acabou ocorrendo durante uma das aulas do 1º. ano de nosso curso, onde a professora reclamava da pouca iniciativa dos alunos em organizar quaisquer eventos que não festas ou cervejadas. Foi assim que, positivamente provocados pela professora e inspirados em nosso patrono, Sérgio Buarque de Holanda, passamos de bar em bar a discutir e formular os planos e direção de nossa revista.

Nessas discussões a revista tinha um objetivo bem claro, que era justamente o de ser um espaço acessível para que os alunos pudessem se iniciar na escrita de artigos de História. É justamente assim que vemos esta revista: um instrumento de prática de escrita que se posiciona entre a produção discente e a acadêmica, suavizando a transição entre ambos universos. Um espaço onde podemos publicar nossas idéias ainda enquanto aprendizes. Sobretudo, um espaço livre, já que não necessariamente conseqüente, onde se busca evitar o excesso de formalismos e rigores acadêmicos, sem também abrir mão de certa seriedade.

“Mas por que Trialética?”, você poderia perguntar. Bem, o nome acabou surgindo como uma brincadeira, ou melhor, uma provocação numa dessas conversas pseudo-filosóficas (o “falso” aqui, de forma alguma quer dizer “menos”), quando se julgou ser uma tarefa ingrata provar que alguém está errado ao expor um argumento contendo a palavra “dialética” e suas variantes. O mais curioso é que descobrimos ser igualmente complicado provar que se está certo. E nesta tarefa de provar alguém certo ou errado foi que surgiu o prefixo Tri da revista. Nela, acidentalmente acabamos descobrindo os três mandamentos fundamentais do universo, que, dado seu caráter dialético e infinito, acabou por nos parecer Trialético. “Mas quais são esses mandamentos fundamentais?”, você perguntaria mais uma vez. Quanto a isso, não se preocupe, acabaremos por explicar mais adiante nessa revista, ou você acabará intiuindo durante a leitura de Trialética.

Quanto ao subtítulo “Revista de História e Humanidades”, ele está aí porque acreditamos que nenhum assunto é tão restrito ao seu próprio campo que acabe criando áreas estanques. Em Trialética encontraremos artigos pautados nas pesquisas, trabalhos ou leituras que estivermos realizando, ao menos como forma de se externar o conhecimento adquirido com o dinheiro alheio. Nesse mesmo sentido, encontraremos também resenhas de livros acadêmicos (ou que julgamos ser “apenas” interessantes), além de entrevistas com pessoas que cremos importantes no universo da História e Humanidades. Estas aparecerão em nossa seção chamada Tertúlia com Tortillas, que encerra o núcleo tido como “mais sério” da revista.

Contudo, não somos tão sérios e sisudos assim. Trialética traz seções como Cuspida no Olho, cujo objetivo é publicar textos polêmicos e, dependendo do interlocutor, inúteis. Poetichaos e Zootropo, apresentando artisticamente a seção de poesia e cinema, além de assuntos diversos, dependendo do humor de nossos colaboradores.

Eis o que pretendemos que se torne a Trialética, e justamente com todas essas pretensões, encerramos este primeiro editorial. Só o futuro nos dirá quantas delas acabarão por se materializar, o que já não deixa de ser curioso, por se tratar de revista de história.

Obrigado e bem-vindos!
Trialética