31.1.07

ARTIGO: Brasil, 500 anos de degradação do meio ambiente

por B. Oscar Correia

A derrubada de uma árvore para que fosse usada como cruz para a realização da primeira missa na recém descoberta Ilha de Vera Cruz, foi um prenúncio de como seria tratada a natureza.

Esta natureza que hoje chamamos de meio ambiente não passou incólume pelos diversos momentos econômicos do país. Data de 13 de março de 1797 a primeira carta régia que garantiu medidas no intuito de preservar as nossas florestas, o que foi totalmente rechaçada pelos autóctones, já que estes entendiam a natureza ao seu redor como paradisíaca, estando implícito neste pensamento o caráter de inesgotabilidade dos recursos naturais.

Assim sendo, pragmatismo e imediatismo foram, e até hoje são, os discursos hegemônicos de nossos governantes, onde os paradigmas da conquista de território, modernidade, progresso e por último a globalização, nortearam as ações neste pouco mais de 500 anos de Brasil cabralino.

É claro que todo país contemporâneo visa o progresso e isso demanda a utilização de seu território, sendo que o Brasil não está alheio a isto, porém em nosso país há um agravante; nunca houve a preocupação de desenvolvimento em concomitante a preservação do meio ambiente, sendo que a gênese da destruição ambiental aconteceu desde o período de extração do pau-brasil, que era extraído e levado em navios para a Europa sem nenhuma parcimônia, com isso o que o meio ambiente levou milhões de anos para construir o europeu destruiu quase que completamente em décadas.

Com o advento da empresa açucareira no Brasil o processo de degradação é potencializado, principalmente na orla, haja vista que a colonização portuguesa aconteceu a partir do litoral, sendo que a Mata Atlântica foi a maior prejudicada.

A propagação de engenhos de açúcar fez com que grande quantidade de madeira tenha sido queimada para alimentar seus fornos, chegando ao cúmulo do Rei de Portugal proibir a criação de novos engenhos.

Com a cultura do café o quadro não se altera, pelo contrário, a cafeicultura leva para ao interior da região sudeste a degradação propiciada pela empresa do açúcar no litoral. O período cafeeiro, portanto, manteve o paradigma de destruir a natureza em nome do progresso.

A cafeicultura teve um papel fundamental para a industrialização, porquanto o capital acumulado advindo do café foi fundamental para fomentar sua gênese.

É na industrialização que a degradação ambiental alcançou o seu ápice, haja visto que além da destruição do meio ambiente quando da construção da industria, também há a poluição do meio ambiente por meio de emissão de poluentes.

Diante deste breve relato sobre o processo de degradação, percebemos que urge mudanças drásticas em toda a sociedade, pois os modelos de produção e também de consumo leva a um desenvolvimento insustentável.

É necessário que procuremos novos paradigmas para nossa sociedade, desde a busca de novas matrizes energéticas, matrizes estas que sejam renováveis, até a simples reciclagem de embalagens de produtos industrializados.

Referencias Bibliográficas

MORAES, Antônio Carlos Robert. Território e história no Brasil. São Paulo: Hucitec/Annablume, 2002

DEAN, Warren. A ferro e fogo: A história e a devastação da Mata Atlântica. São Paulo. Cia das Letras. 1996

CARLOS, Ana Fani Alessandri. OlIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Geografias de São Paulo. São Paulo: Contexto, 2004.